Por Leila Meri
Um dia depois do anúncio oficial de que o Rio de Janeiro será palco das Olimpíadas de 2016, pesquisadores, cineastas e executivos ligados à área cinematográfica se reuniram em Londres para discutir possibilidades de coprodução entre o Brasil e o Reino Unido durante o Transnational Brazilian Cinema Symposium, no dia 3 de outubro.
Abrindo o evento, Alessandra Meleiro (Cebrap/CENA) falou das coproduções internacional no cinema brasileiro que vem crescendo muito nos últimos 10 anos. Só em 2007, dos 80 filmes produzidos no Brasil, 11 foram realizados em parceria com outros países. Alessandra também ressaltou os benefícios de uma coprodução, que viabiliza o acesso a incentivos e subsídios de governos estrangeiros, bem como o acesso do público a essas produções multilaterais.
Prova disso é a coprodução entre o Reino Unido e o Brasil com o recente filme dirigido por Henrique Goldman sobre a vida do brasileiro Jean Charles de Menezes, morto pela polícia britânica ao ser confundido com um terrorista, e a rotina de tantos outros “brazucas” que vivem em Londres. O filme estreou no Brasil com bom público e boas críticas e deve ser lançado no Reino Unido em fevereiro.
A segunda apresentação foi de Elisa Alvares, diretora executiva do Future Films, apontando que, apesar da barreira da língua portuguesa, menos falada que o espanhol – o que dificulta vender algo que não atinge a um público numeroso – ainda assim é vantajoso para produtores estrangeiros participarem de coproduções brasileiras, porque podem usufruir do tax-shelter. Elisa vê futuro para esse empreendimento no Brasil e lamentou o desconhecimento que muitos investidores internacionais tem sobre o país quanto aos benefícios que ele oferece a quem quer usufruir das leis de incentivo cultural para produzir cinema.
O diretor Henrique Goldman também esteve presente e contou sobre sua experiência em lidar com regras diferentes para aplicar o dinheiro. Disse que foi “um pesadelo total”, a começar pelos investidores britânicos, que tratam o projeto como investimento, bem diferente do Brasil, onde o dinheiro para a produção vem das leis do audiovisual e do incentivo. O dinheiro brasileiro só pode ser gasto no Brasil e o britânico, somente no Reino Unido. A solução, segundo ele, seria fazer com que os recursos circulassem com maior liberdade entre os países envolvidos no projeto. Apesar de ter que se desdobrar para escrever o roteiro, cuidar da produção e da direção, Goldman disse que gostou da experiência.
Abrindo a segunda sessão, depois do intervalo, Rogério Simões, diretor da BBC Brasil, trouxe à luz o problema da imagem do “cinema favela”, que, depois de “Cidade de Deus”, virou sinônimo de filme brasileiro que se vende no exterior. Para ele, o Brasil ainda tem muito a mostrar e a dizer sobre si mesmo.
Libia Villazana discorreu sobre sua experiência como diretora do Discovering Latin American Festival, que está na 5ª edição, conta com a participação de 72 voluntários na sua elaboração e cujos lucros são destinados para projetos de caridade em países latino-americanos. Libia também lembrou que, entre os meses de setembro a dezembro, em Londres, haverá cinco festivais de filmes latino-americanos.
Para fechar o simpósio, Zahra Staub, da Ocean Films – especializada na área de produção de serviços -, disse que o Brasil tem tudo para atrair produtores estrangeiros, além da beleza natural, diversidade de localidades e climas, com profissionais competentes, técnicos, artistas e equipamentos de alta qualidade. Para exemplificar, ela projetou dois comerciais que sua agência produziu.
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