Concurso Iniciativa Cultural

Concurso Iniciativa Cultural

 

De que forma os estudos acadêmicos e as pesquisas independentes sobre o cinema brasileiro podem contribuir para o desenvolvimento da atividade e do setor no país? Esta foi a pergunta do concurso que vai distribuir cinco kits com os três livros vencedores do Prêmio SAV para Publicação de Pesquisa em Cinema e Audiovisual (2009-2010).

Entre os dias 15 e 17 de outubro, o Instituto Iniciativa Cultural recebeu 31 respostas, sendo que 28 delas foram homologadas conforme as regras anunciadas. Os cinco vencedores do concurso são: Gledson de Carvalho Silva, Sanzio D. Canfora, José Eduardo Bozicanin, Francine Nunes da Silva e Rosangela Nuto.

Eles receberão os seguintes livros:

Entre lanternas mágicas e cinematógrafos – As origens do espetáculo cinematográfico em Porto Alegre (1861-1908),

de Alice Dubina Trusz

O filme nas telas – A distribuição do cinema nacional,

de Hadija Chalupe da Silva

Economia da cultura e cinema – Notas empíricas sobre o Rio Grande do Sul,

de Leandro Valiati

Confira as respostas dos ganhadores e também as outras 15 melhores mensagens enviadas pelos candidatos:

A contribuição mais significativa será no plano das políticas públicas desenvolvimentistas, pois as pesquisas servirão de subsídios para se formular e implementar medidas que façam da atividade cinematográfica brasileira algo atraente pra investidores privados, semelhante ao que ocorre em países onde o mercado de projeção de longas-metragens é uma atividade rentável (como Índia e Nigéria) e não apenas um evento esporádico artesanal de artistas passionais ou/e de acadêmicos em período não-letivo. (Gledson de Carvalho Silva)

Os temas e a forma de um filme só podem ser satisfatoriamente compreendidos se pensados a partir da conjuntura social, política, econômica e cultural a partir da qual o filme foi realizado. Os estudos acadêmicos nos permitem conhecer as relações existentes entre o que determina os modos de financiamento e de produção e o processo artístico. O conhecimento destas relações e da total conjuntura torna possível um diagnóstico do estado do setor e das medidas necessárias para o seu crescimento. (Sanzio D. Canfora)

Eles podem (re)acionar o interesse pelos estudos cinematográficos na sociedade e contribuir para a formação de pensamentos críticos sobre as atividades deste setor. Tais trabalhos, além de gerar relevantes reflexões, ajudam no florescimento de redes de discussão sobre as imbricações multiculturais e comerciais em que as obras nacionais se inserem. Portanto, o desenvolvimento do cinema também requer a atuação do próprio espectador-leitor que pode e deve ser criador de idéias e posturas. (José Eduardo Bozicanin)

O cinema, ao ser um produto valorativo em termos econômicos e simbólicos é palco de memórias, reflexidades, identidades e poderes. Desde sua produção até a sala escura da exibição, o setor como um todo se presta à análise, pois seu desenvolvimento inclui mediações de informações e conhecimentos que comunicam algo a alguém. A contribuição das pesquisas e estudos está justamente nessa busca por compreender a atividade cinematográfica como mescla de arte, tecnologia, cultura, imaginação e mercado. (Francine Nunes da Silva)

De que adianta ter uma produção e uma história tão rica e diversificada se não houver análise e reflexão sobre ela? O olhar do pesquisador ajuda a decifrar os caminhos percorridos e a contextualizar a experiência cinematográfica para além da obra, atribuindo-lhe outras percepções, de forma a contribuir para a produção de conhecimento e para a formação dos profissionais da indústria cinematográfica, incentivando assim o desenvolvimento da atividade no país. (Rosangela Nuto)

O pesquisador tem um tempo de apreciação e formação cultural que permitem um olhar mais atento e reflexivo a um objeto que às vezes se perde no tempo depois duma recepção imediatista na mídia, quando não é ignorado por ela. Se o Brasil produz cinema de qualidade mas não oferece a ele uma recepção a altura em termos quantitativos e qualitativos, o pesquisador promove um aumento e uma melhoria nessa recepção, produzindo conhecimento e promovendo debates sobre as obras e sobre o cinema em geral. (Paulo Moreira)

Em um país com uma cinematografia tão rica, a discussão sobre as miçangas do fio produção, distribuição e exibição é essencial para a consolidação de uma indústria de cinema. A teoria contribui para compreender a produção audiovisual como expressão da identidade brasileira. Além disso, aponta novos caminhos para o diálogo do cinema com outras mídias, a fidelização de público e para revisar a relação do Estado e da iniciativa privada com este mercado, pensando-o como investimento sócio-econômico. (Camila Daher Fink)

Estudos acadêmicos e pesquisas independentes sobre o cinema brasileiro precisam contribuir para ampliar horizontes, aumentar o leque de objetivos, multiplicar as maneiras de identificar vias de acesso aos espectadores, incrementar os diálogos com os criadores sobre qual é a identidade narrativa que temos e que devemos ter.  Sem um público interessante interessado não haverá atividade nem setor nem país para desenvolvermos. (Roman Bruni)

A atividade cinematográfica é composta por uma teia complexa de instituições e agentes. As pesquisas buscam religar os elos dispersos entre as esferas da produção e o movimento geral do sistema-mundo. Resgatam os movimentos, as estéticas, do complexo social vivido que possibilitou a materialização da imagem enquanto forma/conteúdo de um dado momento histórico. São vitais ao possibilitar um salto teórico/reflexivo sobre o ritmo frenético e parcial da produção cotidiana. (Luis Paulo F. de Farias)

Estas iniciativas são fundamentais para um melhor conhecimento das necessidades e das demandas do mercado cinematográfico brasileiro, para a identificação das ações inovadoras que precisam ser potencializadas e também para descobrir as áreas que estão carentes em todo o processo integrante da elaboração e distribuição dos filmes até chegar ao público. Assim é possível colaborar para o crescimento e desenvolvimento desse setor no país. (Priscila Moreira dos Santos)

A visão independente de todo o processo do cinema nacional viabiliza uma maior autonomia aos estudos acadêmicos de modo que haja novas teorias não baseadas na grande indústria comercial mas sim na experimentação, no cinema alternativo e, principalmente, no conceito de fazer cinema. Esses estudos contribuirão para economia da cultura fortalecer-se no setor e desenvolver o embasamento teórico para o fomento cinematográfico. (Andrey do Amaral)

Pesquisas em geral, se bem realizadas, sejam acadêmicas ou não, permitem o melhor entendimento do tema. No caso do audiovisual, pesquisas sobre o mercado permitem que este possa ser mais bem compreendido, dando bases para o aperfeiçoamento do setor, ou, ao menos, para a busca do aprimoramento do tema tratado. O mesmo se dá em pesquisas de cunho histórico ou sobre determinado ciclo ou pessoa: cria-se uma memória e uma reflexão – e ter conhecimento de causa fundamenta qualquer atividade. (Gabriel Carneiro)

O cinema brasileiro vive um momento de efervescência, com investimentos crescentes. Vivemos a consolidação do nosso cinema. E para ter bases sólidas, é preciso que se assentem as fundações dessa grande construção. Os estudos e pesquisas independentes são a oportunidade para pesquisadores e para os próprios agentes refletirem sobre ações de fomento, comportamento da cadeia produtiva e antecedentes históricos, de modo a conhecer as engrenagens do sistema e unir esforços rumo a um objetivo comum. (Alexandre Sivolella)

O cinema brasileiro, que teve o seu auge no Cinema Novo, anda requerendo uma releitura de seus códigos e conceitos. Os estudos acadêmicos e pesquisas em torno deste tema são bem-vindos. Contribuirão para que os novos cineastas bebam na fonte dos que têm a carreira consolidada e, a partir da história dos que já contribuíram para o setor, poderão aliar tradição cultural à criatividade e novas tecnologias, resultando em um cinema com fôlego comercial para fortalecer o segmento como indústria. (Denise Assis)

Os estudiosos do cinema podem aplicar o conteúdo teórico de suas investigações na resolução prática de problemas da indústria cinematográfica brasileira. O estudo, por exemplo, de novas estratégias de distribuição atingiria um dos grandes problemas para o cinema nacional. Não precisamos de novas produções, mas ter acesso às muitas obras de arte que hoje se restringem a um número limitado de expectadores. Indústria e academia teriam de trabalhar em parceria, com um fim estratégico comum. (Selma Vital)

A engrenagem Teoria-Prática-Teoria é o mecanismo ideal para a construção de um audiovisual pujante em nosso país. Nossa atividade é o locus privilegiado do encontro da arte e da tecnologia e deve sê-lo também para as diversas ciências. A melhoria de qualidade dos projetos, dos produtos, das políticas, das formas de acesso, consumo e aproveitamento ¨energético¨ do audiovisual, têm muito a se beneficiar com estudos e pesquisas, sejam elas independentes ou acadêmicas. (Paulo Munhoz)

Dedicar a vida ao cinema é uma questão de heroísmo no Brasil. Tanto realizar a produção de filmes quanto estudar e pesquisar o cinema envolve uma série de obstáculos estruturais que, em geral, são grandes empecilhos para o desenvolvimento de uma própria cultura cinematográfica no país. Mas, graças aos que persistem e fazem dessas atividades uma dedicação de vida, é que o cinema e o conhecimento produzidos existem, e são uma referência para todos aqueles que pretendem participar dessa realidade. (Camila dos Santos)

Estudos acadêmicos e pesquisas independentes podem dar mais maturidade ao cinema brasileiro, embasando reflexões sobre a produção cinematográfica nacional e discutindo, à luz das teorias, problemas para os que muitas vezes não  soluções apenas na indústria cinematográfica. (Claudio Ferreira)

O Cinema Brasileiro cresceu muito desde a retomada. A cultura independente tem ganhado um espaço considerável através da internet e outros meios de comunicação. Os estudos e as pesquisas podem desenvolver idéias socio-culturais que tragam acesso para a população que não tem o costume de ir ao Cinema, e consequentemente, conhecimento e interesse. Projetos como o Cine Tela BR(Que viaja o Brasil inteiro com um Cinema móvel), já busca um publico diferenciado. Mais projetos como esse devem aparecer. (Gustavo Elias)

O conhecimento, seja na medicina, na economia ou mesmo nas artes, é peça fundamental na consolidação de qualquer empreitada. A indústria cinematográfica nacional não foge dessa regra e hoje, talvez mais que nunca, dado os excelentes números que o audiovisual nacional vem conquistado, carece de pesquisas que permitam analisar e estudar nossa produção, com dados atuais seja nas etapas de captação, produção, exibição e na formação audiovisual. (Diego M. Doimo)