Por Alessandra Meleiro
Ao refletirmos sobre a potencialidade artística e empresarial da cinematografia nacional – baseando-nos no total da produção de longas-metragens brasileiros produzidos em 2008 – observamos que um terço desses filmes foi de documentários. Tal número expressa a dimensão de ocupação deste gênero no mercado, especialmente por meio de lançamentos em salas de cinema.
O conferencista Marcelo Ikeda, coordenador da Superintendência de Acompanhamento de Mercado na Agência Nacional de Cinema (Ancine), mapeou as causas desse fenômeno, sustentando a tese de que a performance dos documentários nacionais lançados tem nítida influência do tipo de distribuição adotado. Se até 2001 praticamente todos os documentários eram lançados pela RioFilme, atualmente o perfil de distribuição é mais diversificado, com a entrada de distribuidoras independentes e de produtoras que ingressaram na distribuição dos seus próprios filmes.
A exibição digital também é uma realidade que aumenta a possibilidade de um documentário ser lançado comercialmente, ainda que restrito a poucas salas e com apelo comercial sensivelmente mais reduzido em relação aos filmes de ficção. O apelo comercial dos filmes brasileiros é um ponto delicado, já que a produção nacional encontra grande dificuldade para ser consumida. Em 2008, o cinema nacional ficou com aproximadamente 7% da bilheteria brasileira, em parte pela existência de um circuito exibidor voltado apenas a um público elitizado, mas também por explicações mais subjetivas sobre a recepção doméstica.
Ainda na mesma linha, questões essenciais, como o que pensa e espera o público nacional de “seu” cinema e que lugar este ocupa em seu imaginário foram formuladas por Fernando Mascarello, doutor em Cinema pela USP.
Carlos Augusto Calil, secretário de Cultura da cidade de São Paulo, em sua apresentação, de alguma maneira respondeu a essa inquietação de Mascarello (e nossa) quando citou um momento – o ano de 2003 – em que houve grande demanda do público pelo produto brasileiro, e que coincidiu com a entrada da Globo Filmes no mercado. Este fato foi determinante para o crescimento do market share do filme brasileiro, que atingiu a expressiva cifra de aproximadamente 22% naquele ano.
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FONTE
O artigo foi originalmente publicado no jornal Gazeta Mercantil, Fim de Semana, São Paulo, 27/02/09, pp. 6, bem como no catálogo do Ciclo de Conferências “Cinema brasileiro: desafios culturais e econômicos” integrante da Retrospectiva do Cinema Brasileiro, Cinesesc, SESC SP, 12-23/12/2008, pp. 47-62