Por César Bolaño, Cida Golin, Valério Brittos e Joanne Mota
A importância econômica crescente da produção cultural e artística no Brasil tem, de um lado, levado os produtores e os gestores culturais a buscar o apoio dos economistas na formulação de seus projetos e, de outro, despertado a atenção destes por um campo cujas especificidades desconhecem. De um lado, a economia é encarada numa perspectiva meramente pragmática e quantitativa, de outro, o da economia quantitativa a que se recorre, a cultura e a arte são encaradas também de forma fetichista, como campos afastados do mundo concreto do poder e das relações materiais.
Bem outra é a perspectiva da economia política da comunicação e da cultura, de longa tradição no estudo da produção cultural e artística, suas especificidades microeconômicas, suas relações com os poderes políticos e econômicos, suas funções na reprodução social e na acumulação de capital. Essa tradição crítica, estudada no artigo que abre a presente coletânea, tem se ressentido, há anos, da falta de instrumental quantitativo, que só recentemente passou a ser produzido de forma mais ou menos sistemática por instituições como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Nessas condições – e dado o crescente interesse econômico desses setores, seja diretamente, pelo capital investido na produção audiovisual, por exemplo, neste período de digitalização geral e de convergência tecnológica, que põem em concorrência empresas de campos antes separados, como os da televisão, das telecomunicações e da informática, seja indiretamente, pelo que o investimento em cultura representa para a imagem das empresas, para não falar na política de incentivos fiscais –, torna-se urgente estabelecer o diálogo entre os campos da economia convencional, da economia política, da arte e da cultura. Esse é o intuito desta obra.
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