Por Luis Carlos Merten
Sucesso de crítica no Ocidente, o cinema iraniano atinge, no exterior, um público formado por uma elite cultural com alto nível de educação, interessada em expandir sua cultura cinematográfica e habituada com a linguagem de cineastas como o indiano Satyajit Ray e o japonês Yasujiro Ozu. Alessandra Meleiro afirma isso no livro “O Novo Cinema Iraniano – Arte e Intervenção Social”, da Escrituras Editora, que será lançado no dia 17 no HSBC Belas Artes. Parece uma informação en passant, mas na realidade é fundamental para a compressão do livro e do próprio cinema iraniano.
O Irã era desconhecido nos anos 1970 e 80 e, mesmo depois da repercussão internacional alcançada por seus filmes e diretores – é de novo Alessandra quem diz -, continua não sendo até hoje uma destinação turística. Pergunte às pessoas ao seu redor e verá que poquíssimos ocidentais viajam para o país e que a maioria dos vistos concedidos para o Irã é para profissionais a negócios. Vai nisso o que não deixa de ser um paradoxo, pois se o país é pouco conhecido, seu cinema é referência para cinéfilos de todas as latitudes. O público da Mostra Internacional de Cinema, em São Paulo, acostumou-se aos nomes e filmes de Abbas Kiarostami, Jafar Panahi, Mohsen Makhmalbaf e Samir Makhmalbaf. Agora mesmo, acaba de estrear o novo de Samira, “às Cinco da Tarde”. Cahiers du Cinéma cultua Kiarostami (já lhe dedicou uma edição especial), Cannes, Veneza e Berlin – a santíssima trindade dos festivais internacionais – já premiaram os iranianos.
É sobre o paradoxo que Alessandra trabalha em seu livro. Você vai ver que ela tem interesse especial em investigar o cinema iraniano à luz da cultura islâmica. Há um poder que se instalou no país com a queda do xá Reza Pahlevi e a ascensão do aiatolá Khomeini e seus mulás. Estabeleceu formas, de censura inclusive, que norteiam o cinema como atividade econômica e artística.
Clique aqui para ler o texto na íntegra.
—
FONTE
A crítica foi originalmente publicada em Junho/ 2006 no Jornal Estado de São Paulo – Caderno 2, “Estudo investiga a fenomenal produção do pós-Khomeini”, 24/06/2006; p. D7, São Paulo.