Por Alessandra Meleiro
Prestando uma homenagem ao grande especialista da luz, Gilberto Bottura, falecido em dezembro passado, iluminadores, arquitetos, engenheiros e acadêmicos comentam seus encontros profissionais e pessoais com ele. Dentre suas lições, uma merece especial atenção: o ato de iluminar é quase sempre indissociável do ato de obscurecer.
Pioneirismo – Caráter ou qualidade de um precursor
Cândido Duarte
Instrutor de Treinamentos do SBT
Não poderíamos deixar de associar a imagem de Bottura à palavra “pioneirismo”. Na edição 2002, do evento Broadcast & Cable, fui incumbido pelo meu diretor técnico de auxiliar a preparação da apresentação do Sr. Bottura, um dos grandes pioneiros da TV, dos tempos áureos da extinta TV Tupi, ainda preto e branco. Foram horas divertidíssimas, pois o prazo exíguo que tínhamos não impediu que antigas histórias de bastidores da Televisão, assim como teorias sobre a fabricação de certos refletores, fossem contadas por ele, com um entusiasmo voraz. Fui percebendo o quão apaixonado ele era por sua profissão, por seu aprendizado e, como professor, por seus ensinamentos.
Era incrível a sua capacidade de esmiuçar, de forma coerente e precisa, as explicações dos inúmeros “porquês” disso ou daquilo. Havia uma paixão entre os elementos químicos, as lâmpadas, os truques de iluminação e Bottura – uma espécie de sinergia, tamanha a intimidade com que ele discorria sobre essa complexa “arte da luz”. Era também uma deliciosa viagem ao passado, ouvindo-o descrever de maneira tão loquaz o que tinha feito para ultrapassar as limitações da época, como por exemplo, o truque do trem de ferro, com um carrossel de sombras girando ao redor da câmera, para dar idéia de movimento a uma cena parada, tudo artesanal, tudo manual e acima de tudo… humano. Bottura foi um incrível ser humano. Ele foi um maestro da Luz.
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FONTE
Publicada na Revista Lume Espetáculos (iluminação profissional), Ano VII, n. 55, pp. 14-15, Ed. H. Sheldon, Rio de Janeiro em Nov-Dez/2004.