Por Stéphane Pirot
A meu ver, me parece possível distinguir diversas Nouvelle Vague. Primeiramente, há aquela dos Cahiers du Cinéma, que compreende a produção de François Truffaut, Jean-Luc Godard, Jacques Rivette, Eric Rohmer. Esta é a mais conhecida e estudada das vertentes. Soma-se a esta a Nouvelle Vague da Rive Gauche, com seus mais distintos diretores: Jacques Demy, Agnès Varda, Alain Resnais e Chris Marker. Finalmente, há a Nouvelle Vague representada por jovens cineastas hoje pouco conhecidos.
É necessário compreender que o termo Nouvelle Vague, tal como ele era utilizado no decorrer dos anos 1960, designava os “cento e sessenta e dois novos cineastas franceses…estreantes na direção após o 1º de janeiro de 1959, ano em que o Festival de Cannes viu o ‘triunfo da N.V….’” . A publicação posterior de conteúdo relativo à Nouvelle Vague nos Cahiers du Cinéma também serviu de baliza para o enquadramento dos cineastas nesta “onda”.
No que diz respeito ao conceito de curta-metragem, eu me refiro à definição do texto de François Thomas: “A partir de 1940, o curta-metragem, em formato profissional de 35mm, define-se de forma regulamentar por uma extensão máxima inferior a 1300 metros de película (isto é, 47 minutos e 30 segundos). Em 1964, de acordo com um decreto de 28 de maio, esta extensão passa a compreender o limite de 1600 metros (58 minutos e 29 segundos).” Consequentemente, os filmes estudados nesta pesquisa têm todos uma extensão inferior a 1600 metros.
Pode-se pensar que a presente pesquisa irá analisar os curtas-metragens realizados por diretores conhecidos, tais como Jean-Luc Godard (Tous les garcons s’appellent Patrick, Charlotte et son Jules), Jacques Rivette (Le coup du berger), Eric Rohmer (Charlotte et son steak, La boulangère de Monceau) e François Truffaut (Les mistons). Pode-se concluir também que o interesse será focado em filmes de curta duração dotados de uma “estética da Nouvelle Vague” ou com temas explorados pelos cineastas da Nouvelle Vague.
Entretanto, esta pesquisa se propõe a evocar as diferentes tendências da produção cinematográfica do final dos anos 1950 até os anos 1960 e a identificar nos corpos dos filmes realizados os temas de interesse da juventude naquela época: a busca pela felicidade, a vida em casal, a conquista amorosa, a guerra da Argélia.
Para definir as datas a serem estudadas, retomei aquelas propostas por Jean Douchet no seu livro intitulado “Nouvelle Vague”. 1956 é o ano da produção do curta-metragem de Jacques Rivette: Le coup du berger. No entanto, não podem ser esquecidas que as premissas da condução da produção na Nouvelle Vague já existiam antes desse marco em casos isolados, como nos filmes de Jean-Pierre Melville, “Le silence de la mer” (1947), “Bob le flambeur” (1956) ou como naquele de Agnès Varda, “La pointe courte” (1956). 1965 é o ano do filme de sketchs: “Paris vu par…”, realizado por Claude Chabrol, Jean-Daniel Pollet, Jean Rouch, Jean Douchet e Jean-Luc Godard.
“Hoje, ‘Paris vu par…’ aparece como manifesto e testamento da N.V.. Podemos afirmar que, de certa forma, esse filme representa o fim da Nouvelle Vague.” Assim, conclui-se que esta tem, não só o seu início, mas também o seu fim marcado pela produção de curtas-metragens.
Faça o download e confira o estudo na íntegra (em francês).
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FONTE
Forum des Images
Link direto: http://www.forumdesimages.fr/fdi/Chercheurs/A-la-une
Foto: “Paris vu par…” (1965)
Tradução: Camila Curado Pietrobelli