O talento como forma de geração de renda

O talento como forma de geração de renda

 

Por Alessandra Meleiro

Em 2006, o Brasil passará a sediar o Centro Internacional das Indústrias Criativas, a ser inaugurado no primeiro semestre. Sua criação vai suprir a demanda por informações relacionadas à indústria criativa, de fundamental importância para a elaboração de políticas públicas e, conseqüentemente, para o orçamento da cultura.

As indústrias criativas situam-se dentro da chamada economia criativa. Caracterizam-se pelo uso da criatividade e do talento como principais insumos e pelo potencial de geração de renda e trabalho por meio da exploração do capital intelectual. Constituem um grupo heterogêneo de atividades centradas no conhecimento, como indústria fonográfica, produção musical e teatral, indústria cinematográfica, artes visuais, publicações, indústria de software, fotografia, arte comercial, rádio, TV a cabo, dentre outras.

Enquanto determinados elementos econômicos deste grupo sempre foram incorporados nas atividades econômicas mais tradicionais, apenas recentemente reconheceu-se o grupo como um setor econômico distinto. Dados do Banco Mundial estimam que as indústrias criativas respondam por mais de 7% do Produto Interno Bruto mundial e a previsão é que cresçam, em média, 10% ao ano (Price Waterhouse Coopers).

A dupla natureza cultural e econômica dos produtos das indústrias criativas, isto é, o fato de ser um setor de grande importância econômica e, ao mesmo tempo, um instrumento em que expressões culturais manifestam-se transnacionalmente, demanda  análises que harmonizem estas duas dimensões. A cultura não é apenas um fator de dinamização do crescimento econômico no mundo contemporâneo (pela sua participação no PIB, na geração de emprego e no comércio exterior), mas é também um grande desafio para os diferentes marcos teóricos da economia.

Transitar em direção a uma economia da informação ou em direção a uma economia da criatividade significa abandonar o velho mundo industrial de bens tangíveis para voltar-se à produção de bens intangíveis. Dentre os principais estudos econômicos internacionais sobre as indústrias criativas, encontra-se  os dos Estados Unidos.

Os resultados mostram um aumento de participação no PIB, que passou de 3,65% (em 1977), para 7,0% (em 1998) e finalmente a 7,75% (em 2001, últimos dados disponíveis). A metodologia para a medição da contribuição econômica das indústrias protegidas pelo direito autoral engloba as seguintes variáveis: O valor agregado como parte do PIB,o emprego como porcentagem do total nacional e os ingressos gerados por exportações e importações.

Em 1998 (últimos dados disponíveis no Brasil) as atividades econômicas relacionadas às indústrias criativas geraram US$53 bilhões e contribuíram com 6,8% do PIB brasileiro, o que não só identifica as indústrias criativas como um importante setor, mas torma evidente seu papel como motor de crescimento e desenvolvimento. Em 2001 empregavam 4,6% da população economicamente ativa, segundo pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho/ Ministério da Cultura.

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FONTE

Publicado originalmente em Dezembro/2005 no jornal Valor Econômico, Caderno EU& Fim de Semana, São Paulo, 02/12/05, pp. 09