V Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual

V Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual

 

De 27 de julho a 1º de agosto, Salvador abrigará a 5ª edição do Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual (Semcine), que vai exibir filmes inéditos e apresentar conferências, discussões, reflexões e intercâmbio cultural sobre criação, produção, circulação e consumo do audiovisual.

A mostra competitiva e as mesas redondas acontecerão no Teatro Castro Alves e o encontro internacional de produtores e distribuidores será realizado no Hotel da Bahia. Além das palestras e debates, o evento também traz uma retrospectiva em homenagem a Jean-Luc Godard que integra a programação oficial do Ano da França no Brasil.

Serão exibidos 15 filmes do diretor francês: “O Desprezo”, “Alphaville”, “O Dêmônio das Onze Horas”, “Je Vous Salue Marie”, “Para Sempre Mozart”, “Tempo de Guerra”, entre outros.

As inscrições para o V Semcine variam de R$ 25 a R$ 50 e dão acesso às mesas-redondas e às mostras de filmes. Mais informações no site www.seminariodecinema.com.br e pelo telefone (71) 3332-0032.

Confira abaixo a programação dos debates, e clique aqui para ver os currículos dos palestrantes:

MESAS REDONDAS – Salão Principal do Teatro Castro Alves

27/07 – Segunda-feira 14h as 18h

ABERTURA DO SEMINÁRIO

MESA I. GODARD: CINEMA E POESIA

Mediador: Ángel Díez (RJ)

Palestrantes: Alain Bergala (FR) – Céline Scemama (FR) Alfredo Manevy (BSB) “A imagem chegará no tempo da ressurreição”. Palavras que Godard atribui a São Paulo, mas que não constam em nenhum dos textos do apóstolo… Promessa de Godard que, sendo o mais pessimista dos cineastas contemporâneos, revela-se como o maior guia para os futuros operários do que hoje chamamos de “audiovisual”. Cineasta ortodoxo, Jean-Luc Godard acredita na chegada messiânica de um novo modo de entender o mundo: a imagem como linguagem. Ainda moramos sob o poder de Gutenberg, não se cansa de repetir ele…

Alain Bergala (FR): Crítico, ensaísta e professor de Cinema francês Alain Bergala é um dos maiores especialistas na obra de Godard. Ensina na Université de Paris III e na Fémis – Fondation Europeénne pour les Métiers de l’Image et du Son. Ex redator chefe da revista Cahiers du Cinéma, dirigiu também filmes de ficção e documentários como Faux Fuyants (1982), Cesare Pavese (1995) e Fernand Léger, les motifs d’une vie’ (1997). Conselheiro na área de cinema junto a Mission d’Education Artistique et d’Action Culturelle, é o organizador de Eden Cinema, uma coleção de DVDs. Autor de numerosas obras sobre cinema entre elas Godard au Travail (Cahiers du Cinema 2006) e Hypothèse au Cinema (Cahiers du Cinema 2002), La Lumière au Cinema (Cahiers du Cinema 2001).

Alfredo Manevy (BSB): Secretário Executivo do Ministério da Cultura. Doutor em Cinema e Vídeo pela Universidade de São Paulo com a tese “Jean Luc Godard e o cinema americano – De Acossado a Made in USA”. Como crítico de cinema colabora com a revista Carta Capital e o jornal Folha de São Paulo. Fundou com amigos a Revista Sinopse – USP, especializada em cinema e políticas públicas. Montou, roteirizou e participou de vários documentários, curta-metragem e obras audiovisuais.

Ángel Díez (RJ): Formado pelo IDHEC-Institut des Hautes Études Cinématographiques, Paris. Foi coordenador de estudos na FEMIS – Fondation Europeénne pour les Métiers de l’Image et du Son, Paris. Em Salvador, lecionou direção e montagem no curso de Cinema e Vídeo da FTC – Faculdade de Tecnologia e Ciência. Dirigiu as oficinas “Olho-Documenta”, no instituto Goethe, e “A Montagem como Fundamento das Propostas Audiovisuais”, na Facom (UFBA). Atualmente trabalha como roteirista e assistente de direção no filme: O Último Romance de Balzac de Geraldo Sarno. Autor de vários filmes documentários e de ficção. Seus últimos trabalhos: La Peine Perdue de Jean Eustache (1997) (atualmente exibido na National Gallery of Art de Washington) e o documentário: Os Negativos (2007), que foi apresentado na ONU no marco de uma retrospectiva do cinema brasileiro.

Céline Scemama (FR): Pesquisadora e mestre em Estética do Cinema na Université de Paris I, Panthéon-Sorbonne. Suas publicações e conferências versam sobretudo sobre as obras de Michelangelo Antonioni (Le desert figuré, L’Harmattan/1998) e de Jean-Luc Godard. Sua última obra « Histoire(s) du cinéma de Jean-Luc Godard: la force faible d’un art », (L’Harmattan/2006) na coleção «Champs Visuels » se acompanha de um quadro das constelações do filme de Godard de 4h25’, acessível à consulta na web no Centre de Recherche sur l’Image (CRI).

28/07 Terça feira 9.30 h às 13h

MESA II. O FUTURO DO CINEMA

Mediador: Arlindo Machado (SP)

Palestrantes: Montse Martí (ESP). Kiko Goifman (SP)- – Pedro Paulo Rocha (SP)

Acalorados debates questionam se a democratização prometida pelo digital permite ainda falar de arte cinematográfica. Fabricar um espetáculo completamente a partir de imagens de síntese ameaça a essência do cinema? A interpretação demoníaca das novas tecnologias representa a força da prudência ou simples tecnofobia? Se a arte se empenha historicamente em utilizar as técnicas do seu próprio tempo o conhecimento delas, seus limites e possibilidades, é imperativo. Da gênese do automatismo da imagem em movimento até os nossos dias, percorrer seus dispositivos experimentais obriga a uma historia das relações entre cinema e tecnologia. Esta não pode obviar o mar de nomes próprios que a alimentaram: Marey, Nicéphore, Edison, Lumière, os kladanowsky, Meliès, Griffith, Sennett, Dreyer, Tati, Hitchcok, Bresson, Cameron, Straub & Huillet. Seja a versão hardware das mega produções americanas como Trezentos, Guerra nas estrelas, ou o último Kar-Wai-Wong, seja a versão software das DV de bolso de
cada um, a ficção objetiva do real através do império do registro mais e mais automatizado levanta questões que merecem nossa análise. Por outro lado mutações paradoxais como a mingua do espectador nas salas e a produção de um enorme numero de filmes obrigam a pensar novos parâmetros de produção, distribuição e exibição do audiovisual. Um cinema pós-midiático se anuncia. Novas experiências cinemáticas de fronteiras expandidas. Em resumo, novas formas de fazer e de experimentar.

Arlindo Machado (SP): Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC-SP. Professor da Universidade de São Paulo e da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ensina: Cinema e Vídeo Contemporâneos. Pesquisa nas áreas de Artes e Comunicação, com ênfase em Estética e Linguagem do Vídeo, principalmente arte e tecnologia. Livros publicados: O Sujeito na Tela. Modos de Enunciação no Cinema e no Ciberespaço (Ed. Paulus, 2007), Arte e Mídia (Jorge Zahar, 2007), Made in Brasil: Três Décadas do Vídeo Brasileiro (ITAÚ-CULTURAL,2003), Pré-cinemas e Pós-cinemas (Papirus, 1997), Video-Cuadernos VI (Nueva Libreria, 1994): A Arte do Vídeo ( Brasiliense 1988), A Ilusão Especular (Brasiliense, 1984), Eisenstein: Geometria do Êxtase (Brasiliense, 1983).

Kiko Goifman (SP): Mestre em Multimeios pela Universidade de Campinas. Antropólogo pela Universidade Federal de Minas Gerais, com aperfeiçoamento em Teoria Política e Teoria da Comunicação. Autor do livro e CD-ROM “Valetes em slow-motion” que ganhou o 7o. Grand Prix Möebius em Paris/98, uma obra adquirida pelo acervo do Centro Georges Pompidou. Foi o vencedor do Festival de Brasília 2008 com FILME-FOBIA, com os prêmios por melhor filme júri, melhor filme crítica, melhor ator, melhor montagem,e melhor direção de arte. Dirigiu também os longa-metragens Atos dos homens (2006) e “33” (2003); e os curtas Tereza (1992); Olhos Pasmados (2000); Sonoroscópio SP (2005); Território Vermelho (2004), todos eles premiados em festivais nacionais e/ou internacionais.

Montse Martí (ESP): Doutora em Periodismo pela Universidad Pompeu Fabra de Barcelona. Licenciada em Ciências da Informação pela Universidad Autónoma de Barcelona. Professora de Técnicas de Expressão Audiovisual em Comunicação.
Atualmente exerce o cargo de Vice Reitora e chefe de Estudios de Comunicación Audiovisual. Tem realizado cursos em universidades como a Pontificia Universidad Católica del Perú, na Universidad de la República en Montevideo e na Universidad
de Perpiñán, entre outras. Tem realizado pesquisa de investigação no British Film Institute e na Edith Cowan University de Perth-Australia. Desde 2005 co-dirige o DiBa – Digital Barcelona Film Festival. No DiBa se apresentam as últimas tendencias audiovisuais com uma grande variedade de gêneros como: longametragens, documentarios, animacão, videoclips, curta-metragens. No DIBA 2008 projetou-se o primeiro vídeo 3D na Espanha e em 2009 apareceu a primeira transmissão pelo IP direto também em 3D.
Pedro Paulo Rocha (SP): cineasta, artista multimídia e pesquisador de cinema Expandido, Transcinemas. O artista faz parte do coletivo MidiaZero onde desenvolve curadorias, pesquisas, projetos de arte-mídia, oficinas e laboratórios de arte expandida. Entre seus trabalhos se incluem video-arte, curtas experimentais, experimentos de arte sonora, documentários, montagem de filmes.
Participou do File Hipersônica, com apresentações Liveimage 2006, 2007. Integrou no 2007 a exposição Coletiva no Festival Art Mov em Belo Horizonte; Em 2008 compôs Mobilidade em Devaneio, no espaço cultural ViVo, em São Paulo. Participou de um programa especial no Festival Internacional de Curtas de São Paulo e da mostra de Cinema de Belo Horizonte. Já teve publicação de ensaios em catálogos, blogs, revistas eletrônicas.

28/07 Terça feira 15h às 18h

MESA III. O ORIENTE CINEMATOGRÁFICO

Mediador: Mahomed Bamba (BA)

Palestrante: Ram Devineni (EEUU), Alessandra Meleiro (SP) Beatriz Seigner .

Cinema asiático ou cinema oriental? Existe de fato um oriente cinematográfico? Limita-se às cinematografias dos países do Oriente Médio ou inclui também países como Japão, Coréia, Israel, as Bálcãs, a Índia, Turquia, Uzbequistão e toda Ásia Central? A hesitação terminológica para se referir às cinematografias ao leste do Ocidente merece reflexão, pois revela uma parte de “orientalismo” na crítica e recepção dos filmes provenientes desta parte do mundo. Um Oriente como ficção do Ocidente.
Se há um “orientalismo” cinematográfico contemporâneo, suas raízes profundas derivam daquilo que Edward Said já apontava como atitude e uma prática política, intelectual, cultural e científica reveladora de uma “certa vontade ou intenção de Se
há um “orientalismo” cinematográfico contemporâneo, suas raízes profundas derivam daquilo que Edward Said já apontava como atitude e uma prática política, intelectual, cultural e científica reveladora de uma “certa vontade ou intenção de compreender, em alguns casos, controlar, manipular e até incorporar o que é um mundo manifestamente diferente.” De um ponto de vista geográfico, podemos ver que o “orientalismo cinematográfico” começa pelo interesse manifesto de alguns realizadores ocidentais
pelas paisagens, costumes e espaços do oriente árabe. Em seguida este interesse se prossegue na crítica e no olhar eurocêntrico sobre produções cinematográficas ricas em novas propostas estéticas (notadamente o cinema japonês, com os fenômenos que foram Ozu e Kurosawa, ícones da Nouvelle Vague.) A atual expansão do cinema de Taiwan, China, Coréia, Iran, atualiza o debate sobre as fronteiras entre o político, o estético e o cultural na definição globalizante dos cinemas nacionais. A organização de festivais internacionais sobre estes filmes consagra, por sua vez, estes agrupamentos dos cinemas regionais sob um mesmo
leque e etiqueta. Quais tendências, formas de pensamento e relação de alteridade tais denominações revelam? Essa é a proposta desta mesa em torno do cinema oriental ou asiático.

Mahomed Bamba (BA): Doutor em Ciências da Comunicação e Estética do Audiovisual e Mestre em Lingüística Geral e Semiótica pela Universidade de São Paulo. Professor da Universidade Federal da Bahia, ensina Estética e Cultura de Massa; Historia do cinema; Teoria da Comunicação; Teoria do cinema; História da imagem. Publicou os textos: Cinema(s) Africano(s): no singular e no plural in: Mauro Baptista & Fernando Mascarello. (Org.). Cinema Mundial Contemporâneo. (Papirus, 2008) e O papel dos festivais na recepção e divulgação do cinema africano in: Alessandra Meleiro. (Org.). Cinema no Mundo: indústria, política e mercado (vol.1 África. Escrituras Editora 2007).

Alessandra Meleiro (SP): Pós-doutora pela University of London, no Media and Film Studies Centre, School of Oriental and African Studies. Doutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo e Mestre em Multimeios pela Universidade Estadual de Campinas; Presidente do Instituto Iniciativa Cultural, voltado para o diagnóstico das indústrias criativas. Autora de “O Novo Cinema Iraniano: Arte e intervenção social” (Escrituras/Fapesp, 2006); Organizadora da coleção “Cinema no mundo: indústria, política e mercado”. (Volumes sobre África, América Latina, Europa, Estados Unidos, Ásia) pela Escrituras.
Pesquisadora Associada do CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento) na área de Economia do Audiovisual. Atualmente prepara a coleção A Economia do Audiovisual no Brasil (Vol. I, II e III). Professora da Universidade Federal
Fluminense (UFF), na área de Planejamento Cultural.

Ram Devineni (EEUU): Cineasta, conselheiro da Academia Internacional de Cinema, editor da Revista Rattapallax (http://www.rattapallax.com) com CDs e DVDs em cada numero. É curador das mostras de filmes de Bolywood realizadas na
Cinemateca Brasileira nos últimos anos. Fundou a Academia Internacional de Cinema (Internacional Academia de Film http://www.aicinema.com.br) em São Paulo e o Bollywood Brasil. Créditos em Filmes: Vegas: Based on a True Story, dirigido por Amir Naderi. Ganhou o premio de 2005 do Diversity Development Fund from Independent Television Service (ITVS). Sound Barrier em competição no Venice Film Festival de 2008 e no Tribeca Film Festival de 2009. New York City dirigido por Amir Naderi, ganhou o premio da critica dos Torino Film Festival e Roma Film Festival. – Life’s Journey (curta, New York City) and The Colours of the Sun (curta, Madras, India). – Exibido no Cairo International Film Festival, San Jose Film Festival, Philadelphia Festival of World Cinema, San Francisco International Asian American Film Festival, Asian American International Film Festival, e Palm Springs International Film Festival. Atualmente produz, dirije e edita um documentário sobre o poeta beat “Ginsberg’s Karma”, “Bollyword”, um documentário sobre Bollywood e a globalização. Produz também o longa de coprodução Brasil-India “O sonho Bollywoodiano” dirigido por Beatriz Seigner.

Beatriz Seigner (SP): Atriz, cineasta e escritora assina o primeiro filme indobrasileiro: “Sonho Bollywoodiano” que estréia no pais no segundo semestre. Autora do livro “Pedzuriwe- diálogo entre dois territórios que não falam a mesma língua sobre a experiência vivida na tribu Xavante do centro do Brasil e da peça “Shakyamuni’s Buda Life”. Dirigiu também os curtas “Uma menina como outras mil”, “Roda Real” , ambos participantes do festival de curtas de São Paulo 2001 e 2008) e “Indias”. Escritora dos documentários “Diários de refugiados” também assina a direção de fotografia do show de TV “On the Road with Bob Holman”, sobre línguas em perigo e traduções narrativas do leste africano, em 2008. Produziu também “Ginsberg Karma”, “Bollyworld” e  “Sapatologia”. Como atriz atuou em “The Seekers”, dirigida por Frank Megna, em “American Alliance”, por Raghava Reddy e em “Linha de Passe” de Walter Salles’s e Daniela Thomas.

29/07 quarta feira 9.30h as 13h

MESA IV. QUANDO O CINEMA É ARTE

Palestrantes: Walter Carvalho (RJ) –Kristian Feigelson (FR)

Polémicas e teorias divergentes marcam a cópula histórica entre o cinema e a arte. Desde 1912, ano em que o futurista Ricciotto Canudo batizou o cinema nascente como 7ma arte, síntese sinfônica de todas as artes, polimorfas interpretações sobre sua essência ocupam teóricos, críticos e realizadores. Arte impura, voraz apropriadora de outros saberes, primitiva e moderna, sabia e popular, clássica e experimental, livre e universal ao mesmo tempo. Para as vanguardas, o cinema é antídoto do dogmatismo e academicismo, sempre reinantes. Os argumentos universais da literatura retornam constantemente, o protagonismo da música se multiplica, a dimensão poética é advertida. Magritte imprime a montagem cinematografia na pintura, o plano seqüência é evidente em Hopper, Antonioni “pictorializa “planos, Godard degusta o pop. As apropriações são constantes e às vezes, recíprocas. Como as artes maiores afirmam sua presença no cinema? Nascido na encruzilhada do espetáculo de massa e das técnicas, o cinema merece a sua denominação de “sétima arte” ou é apenas um sucedâneo da grande arte? O que aproxima o “cinema de arte” do “vídeo arte” enquanto projetos estéticos? Quando podemos afirmar que a arte anima o audiovisual? Ao longo da sua evolução, essas questões “existenciais” têm justificado indireta ou indiretamente a emergência de diversas escolas e poéticas cinematográficas. Os integrantes desta mesa tentaram fazer um balanço destas questões. Walter Carvalho (RJ): fotógrafo e cineasta trabalhou com grandes nomes do cinema nacional, como Glauber Rocha (Jorjamado no cinema) e Nelson Pereira dos Santos (Cinema de lágrimas). Estabeleceu sua mais constante parceria com o cineasta Walter Salles, com quem trabalhou em Abril despedaçado (2001), O Primeiro dia (2000), Central do Brasil (1998), Terra estrangeira (1995) e nos documentários Socorro Nobre (1995) e Krajcberg, o poeta dos vestígios (1987). Entre os mais de 40 prêmios que já recebeu, destacam-se os troféus em festivais internacionais voltados para fotografia, como o Camera Image, na Polônia, em que recebeu o Golden Frog por Central do Brasil, e o Festival da Macedônia, onde recebeu a Câmera de Prata por Terra estrangeira e duas Câmeras de Ouro, por Central do Brasil e Lavoura Arcaica (2001). Dirigiu os filmes “Budapeste” (2009) e “Cazuza o tempo não para” (2004). No momento está em filmagem de “O Início, o fim e o meio” sobre Raul Seixas Kristian Feigelson (FR): professor de Sociologia do Cinema e do Audiovisual na Universidade Paris III, Sorbonne Nouvelle. Pesquisador associado do Centro de Sociologia do Trabalho e das Artes do INALCO (Observatoire des Etats-Post- Soviétiques). Atua nas áreas de Sociologia da Cultura, Televisão, Audiovisual e Industrias Culturais, Cinema e História e Análise de Filmes. Publicou, entre outros os Livros: « Films et Histoire » (Paris Ed. Ehess, collectif, 1984); « Le Cinéma et l’argent » (Paris Nathan, collectif, 2000) ; « Le Cinéma dans la Cité » (Paris Ed. Le Félin,2001); « Le Cinéma a l’épreuve du système  Télévisuel (Paris, CNRS, 2003) ; Cinéma hongrois: le temps et l’histoire (Paris, Théorème, P.S.N. 2003).

29/07 quarta feira feira 15.00 as 18.00

MESA V. PENSAR O CINEMA

Mediador: Célio Garcia (MG)

Palestrantes: Gerardo Yoel (ARG), Silvia Swcharzbock (ARG), Muniz Sodré (RJ)

Podemos pensar o cinema ou ele é somente um campo de ação? Seria o acontecimento cinematográfico pensável, ou a ele teríamos que nos submeter, servindo-lhe de suporte “sem pensar”? O cinema como experimentação filosófica foi formalizado por Gilles Deleuze e vem sendo retomado incessantemente pela filosofia. O estatuto ontológico da imagem, a operação epistemológica da
montagem, o porte ético do travelling, a vocação panóptica do dispositivo cinematográfico, a fenomenologia da recepção, as dimensões da realidade e da ficção e suas porosas fronteiras, a dimensão ontológica e geopolítica do próprio cinema são questões que animam o debate contemporâneo de idéias. Por outro lado, a extraordinária experimentação proporcionada pelo cinema e suas montagens liberadas cada vez mais de códigos consagrados, sua escrita sincopada, põe a filosofia a pensar novos problemas. A parceria entre o cinema e filosofia é hoje obrigatória. Imagens pensantes. Célio Garcia (MG): Doutor em Psicologia pela Université de Paris I (Panthéon- Sorbonne) (1969). Possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais e Bacharelado em Letras pela Faculdade Católica de Filosofia do Ceará. Professor Aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais. Membro do Instituto Brasileiro de Direito de Família. Psicanalista da Escola Brasileira de Psicanálise (MG). Livros publicados: Clínica do Social. (ed. Belo Horizonte: UFMG, 2000). Reflexiones sobre nuestro tiempo (tradução de Conferências de Alain Badiou no Brasil) Buenos Aires: Editora del Cifrado, 2000. Incompletude e tematizações do real (1990), O novo paradigma em Biologia, Física e Ciências Humanas (Belo Horizonte: UFMG/PROED, 1987)., O desejo na Psicanálise (In: Manoel T. Berlink. (Org.). O desejo na Psicanálise. São Paulo: Papirus, 1985), Cinematicidade e Estamira, nova forma de existência (publicações digitais). Seu olhar orienta o pensamento sobre o cinema para audiências cinéfilas diversas do Brasil e do mundo.

Gerardo Yoel (ARG): Formado no Institut Polytechnique des Arts Cinématographiques, Université de Paris VIII. Professor e investigador da Facultad de Arquitetura Diseño y Urbanismo da Universidad de Buenos Aires. Pesquisa as relações entre o número e a imagem (UNGS). Co-dirije o grupo de investigação de arte e matemática na UNGS (Universidad Nacional de General Sarmiento). Entre suas publicações destacam-se: “Imagem, Política e Memória” (2002) Ed. Libros del Rojas, “Pensar el cine 1 e Pensar el cine 2” (2004) Ed. Manantial, “Compilações de Imágenes y palabras-Textos sobre teatro y cine de Alain Badiou” (2005) Ed. Manantial. Dirige a Colección Texturas (Cine-Video y Artes Visuales) da Ed. Manantial, onde criou e coordena a serie Genealogías de Cine.

Muniz Sodré (RJ): Possui graduação em Direito pela Universidade Federal da Bahia (1964), mestrado em Sociologia da Informação e Comunicação – Université de Paris IV (Paris-Sorbonne) (1967) e doutorado em Letras (Ciência da Literatura) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1978). É Livre-Docente em Comunicação pela UFRJ. Atualmente é professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro e Presidente da Fundação Biblioteca Nacional, órgão vinculado ao Ministério da Cultura. Possui cerca de 30 livros publicados nas áreas de Comunicação e Cultura, entre eles: “Telenovela Rio – Cartografia della televisione e della fama nella città di Rio de Janeiro” (Ed. Città di Castelo: Bulzoni Editore, 2008); “As estratégias sensíveis – afeto, mídia e política” (Editora Vozes, 2006); “Sociedade, Midia e Violência” (Ed. Sulina, 2004);. “Multiculturalismo”. (DP&A, 1999).

Silvia Swcharzbock (ARG): Doutora em Filosofia (Universidad de Buenos Aires); Professora de Estética em várias universidades locais. Integrante do grupo editor de Kilómetro 111 e da revista “Otra parte”. Escritos: “La herencia de Prometeo” (UBA 1994), “O el cine o la Vida”. Notas contra Bazin (Suárez 2005); “Estudio crítico sobre Crónica de una fuga” (2007); “El Cine Según Adorno” (Eudeba, 1998); “Entre Varones. Sobre Padre e Hijo de Alexander Sokurov” (Punto de vista 2004) e outros numerosos ensaios sobre temas de estética, filosofia política, arte e cinema.

30/07 quinta feira de 9.30 a 13.00 horas

MESA VI. A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DOS MUROS. CINEMA E POLITICA

Mediador: José Serafim (BA)

Palestrantes: Jim Finn (EEUU), Paulo Paranaguá (FR), Gustavo Dahl (RJ)

Cinema e política, política no cinema, política do cinema? Como tratar esta questão, ou melhor, essa dupla explosiva que estará presente desde o inicio do cinematógrafo, através de filmes, como O caso Dreyfuss (1899) de Georges Méliès ou O assassinato do duque de Guise (1908) realizado por André Calmettes e Charles le Bargy. A partir deste momento o cinema, através de suas inúmeras representações de aspectos das sociedades abordará, tanto como tema principal quanto secundário, questões vinculadas à sociedade e à política. Estas questões permearão grande parte das produções cinematográficas, seja através de temáticas ou de movimentos mais amplos, por exemplo, o neo-realismo italiano ou a Nouvelle-vague francesa, esta última tratará a política, inclusive, através do manifesto denominado “política dos autores”. Pode-se também pensar essa questão no sentido militante tal qual o movimento realizado nos anos 1960 pelos cineastas latino-americanos, ou a militância do Grupo Dziga Vertov criado por Jean-Luc Godard. Será também o caso de cineastas como Chris Marker, Costa Gavras, Nanni Moretti, Abbas Kiarostami entre tantos outros, que farão da política a espinha dorsal de suas obras, mas impregnando-as sempre com uma grande poesia. O
cinema político não se definiria assim pelo seu conteúdo, mas sim pela sua própria ontologia. São os temas politicamente engajados ou sua função poética que transformam o cinema em uma arma carregada de futuro? Parafraseando o pensador alemão Max Weber, pode-se dizer que o cinema tem indubitavelmente uma “vocação para a política”.

José Serafim (BA): Doutor em cinema documentário (antropológico) pela Universidade Paris X – Nanterre (2000). Mestre em cinema documentário (antropológico) pela Universidade Paris X – Nanterre (1994), e mestrado em Instituição, trabalho e educação pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (1993). Professor da UFBA onde ministra disciplinas sobre Critica Cultural e Teorias da Cultura; Oficina de Comunicação Audiovisual; Temas em Teorias Contemporâneas da Comunicação e da Cultura e Narrativas audiovisuais; Membro de corpo editorial, 2004, Periódico: Contemporânea (Salvador). Livros publicados:
“Apprentissages de l’enfant et vie quotidienne chez les Wasusu “(Mato Grosso, Brésil). “Une enquête d’anthropologie filmique”. Villeneuve d’Ascq: Presses Universitaires du Septentrion, 2002; “Antropolologia fílmica e diversidade cultural”: contributos para a pesquisa e método. “Desigualdade na Diversidade”. Salvador: ABANT, 2008; “Filmar a dança”. Alguns aspectos teórico-metodológicos. In: Ciane Fernandes; Andréia M. F. Reis. (Org.). Cadernos do GIPE-CIT. Salvador: UFBA/PPGAC, 2007.

Gustavo Dahl (RJ): Cursou o Centro Sperimentale di Cinematografia, em Roma. Neste mesmo curso conheceu Paulo Cezar Saraceni, ligando-se ao movimento do Cinema Novo bem como, nas viagens que fizeram à Europa, à Glauber Rocha e Joaquim Pedro de Andrade. Em Roma foi ligado aos cineastas Marco Bellochio, Bernardo Bertolucci e Gianni Amico. Em 1963, vai para Paris, onde freqüenta o curso de cinema etnográfico do Musée de l´Homme, ministrado por Jean Rouch, presenciando o início do cinema-verdade. Recebe os prêmios “Coruja de Ouro” e “Saci”, pela montagem de “A Grande Cidade”, de Carlos Diegues. Posteriormente repete a premiação da “Coruja de Ouro” com a montagem de “Passe Livre”, de Oswaldo Caldeira. Em 1968, dirige “O Bravo Guerreiro”, que juntamente com “O Desafio” (Paulo Cezar Saraceni) e “Terra em Transe” (Glauber Rocha) constituem
a trilogia de filmes políticos do Cinema Novo. Em seguida dirige filmes sobre arte, Museu Nacional de Belas Artes, O Tempo e a Forma. Crítico e ensaísta, colaborou nas revistas Civilização Brasileira e Cahiers du Cinéma, bem como nos semanários Opinião, Movimento, Jornal do Brasil, Correio Braziliense e Folha de São Paulo. Realiza em 1983 o longa-metragem “Tensão no Rio”. Em 1985, torna-se presidente do Conselho Nacional de Cinema – CONCINE, reestruturando-o. Propõe a criação de uma Secretaria Nacional de Política Audiovisual, ligada à Presidência da Republica. Como decorrência, preside o III Congresso Brasileiro de Cinema, em Porto Alegre, no ano 2.000. É convocado a participar do Grupo Executivo da Indústria Cinematográfica – GEDIC. Torna-se seu relator, e em conjunto com a Casa Civil/PR produz o plano estratégico Nova Política Cinematográfica, que contemplava a criação da Agencia Nacional do Cinema. Em 2001 é criada a ANCINE, sendo nomeado seu diretor-presidente e dedica-se à sua implantação até o final do mandato, em dezembro de 2006. Atualmente dirige o Centro Técnico Audiovisual –CTAv.

Jim Finn (EEUU): Cineasta que usa humor e ficção histórica para analisar ideologia, capitalismo e práticas revolucionárias. Experiência docente no Columbia College Film/Video Department, Chicago, Ensina: Introdução ao Vídeo não narrativo, Final Cut Pro Avanzado no Rensselaer Polytechnic Institute, Integrated Electronic Arts. Professor assistente no Media Studio: Audio/Video. Destaque no próximo livro 10x10_Film: 100 Best Emerging directors de todo o mundo (Phaidon Press, 2009); Melhor formato narrativo por The Juche Idea, Chicago Underground Film Festival (2008); Selecionado na Retrospectiva, Buenos Aires Festival
Internacional de Cinema Independente (2008); Retrospectiva, Gijón International Film Festival, Espanha (2008); Fechamento Noite de Cinema, New York Underground Film Festival (2008); Menção Honrosa, no Ann Arbor Film Festival (2008); Seu filme La trinchera luminosa, também fechou a Noite de Cinema no Chicago Underground Film Festival de 2007, e protagonizou a Opening Night Film, Interkosmos, New York Underground Film Festival em 2006. Paulo Paranaguá (FR): Jornalista, analista e crítico de cinema. Formado em Ciências Sociais e Políticas pela Université de Paris I (Sorbonne). Atuação profissional: é jornalista do periódico “LE MONDE” responsável pela América Latina. É autor de vários livros sobre o cinema latino americano entre eles “O
Cinema na América Latina” (L&PM Editores), “Mexican Cinema” (Harcover), “El Luis Bunuel – Estúdio Critico” (Ediciones Paidós) “Tradición y modernidad en el cine de America Latina (Fondo de Cultura Económica), “Cine documental en America Latina (signo e imagem)”.